A revolução dos jovens
A década de 60 viveu o grande sonho de que o mundo poderia mudar para melhor. E o sonho de que essa mudança teria que partir de quem tivesse entre 13 e 30 anos de idade. Acreditando nisso, os jovens participaram da luta pelas mudanças políticas e culturais com uma intensidade nunca vista antes na história da humanidade. Realmente, parecia que, de estalo, rapazes e moças passaram a criar tantos valores novos, tantas idéias frescas, que o mundo iria virar de cabeça para baixo. E virar para uma coisa legal. O poder jovem foi a maravilhosa utopia dos anos 60.
Jovens americanos e Guerra do Vietnã
O Vietnã é um país asiático que fazia parte da antiga Indochina, colônia francesa. Havia um acordo para que se realizassem eleições gerais no país. Mas o governo americano descobriu que elas dariam vitória certa aos comunistas. Por isso, os EUA resolveram intervir diretamente no país. As eleições foram canceladas e se estabeleceu uma ditadura militar no Vietnã do Sul.
A partir dos anos 60, os EUA foram enviando cada vez mais soldados para o Vietnã. Nos EUA, multidões gigantescas fizeram passeatas contra a Guerra. Queriam que as tropas americanas se retirassem de lá.
Morreram milhares de vitcongues, mas, eles não se renderam. Finalmente, em 1975, os EUA reconheceram a impossibilidade de ganhar o conflito e se retiraram. O sofrimento no Vietnã marcaria uma geração inteira de norte-americanos. E marca até hoje o povo vietnamita.
Dentro dos EUA também havia uma guerra: a dos brancos agredindo os negros. Nos anos 60, cresceu o número de negros com a consciência de lutar por seus direitos civis. Um dos grandes heróis do movimento, o pastor Martin Luther King, defendia boicote às empresas racistas e a desobediência civil.
Havia outros negros que acreditavam que só havia um jeito de acabar com o preconceito dos brancos: organizar a luta armada. Formou-se o grupo guerrilheiro Panteras Negras, liderado por Malcom X.
URSS: Kruschev contra Stálin
Depois que Stálin desapareceu, a URSS deu uma virada espetacular. O novo dirigente soviético, Nikita Kruschev, fez um celebra discurso no XX Congresso do PC da URSS em que denunciava os crimes de Stálin. A partir daí, a URSS viveu um processo de desestalinização: presos políticos foram soltos, a censura à imprensa foi abrandada, a repressão diminuiu.
No começo dos anos
A Revolução Cultural Chinesa
No começo dos anos 60 os dois gigantes comunistas, a URSS e a China, romperam. A Revolução Cultural foi uma experiência socialista muito original, queriam se libertar da antiga cultura influenciada pela URSS. Em todos os lugares falava-se da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velha cultura, velhas idéias, velhos costumes.
No começo, o presidente Mão Tsé-tung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. Milhões de jovens formaram a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças.
Durante a Revolução, houve um reforço da igualdade social.
A Primavera de Praga
Na Tchecoslováquia o próprio Partido Comunista, liderado por Alexandre Dubcek, encabeçou as reformas. A idéia era construir o chamado socialismo com face humana. Esse processo de mudanças caracterizou a Primavera de Praga.
Paris 1968: é proibido proibir
Em 1968 houve uma rebelião estudantil mundial. A maior das revoltas estudantis ocorreu em Paris, a capital francesa. Milhares de jovens se levantaram contra os poderosos. Nos muros, pichações revolucionárias com tinta spray, que inspiravam o resto do mundo. Diziam assim: é proibido proibir; a imaginação no poder; o sol nasce vermelho para todos; entre outras.
A Universidade de Sorbone foi ocupada. Os universitários hastearam bandeiras vermelhas (socialistas) e negras (anarquistas). O presidente Charles de Gaulle não sabia o que fazer. Parecia ter perdido o poder do país.
Mudar o cotidiano
Os jovens gostavam de mostrar que eram rebeldes que contestavam todos os valores estabelecidos. Os homens começaram a usar cabelos compridos, enquanto as moças usavam minissaias.
Foi a década da explosão do feminismo. As mulheres tomavam plena consciência de que não eram inferiores em nada aos homens e que, portanto deveriam ter os mesmos direitos ao trabalho e ao estudo.
Nos anos 60 deu-se muito valor à sexualidade. Foi a década do amor livre e da libertação sexual. As pílulas anticoncepcionais passaram a ser vendidas em qualquer farmácia, o que contribuiu para o novo comportamento.
Timidamente, começou também o movimento gay. Surgiram as primeiras passeatas de “orgulho gay”.
Em 1967 e 1968 nos grandes centros urbanos aconteceram grandes passeatas de protesto de estudantes contra o regime autoritário dos generais. Em geral, os jovens eram universitários e de classe média.
O sonho acabou
Malcom X e Martin Luther King, os líderes do movimento negro dos EUA, foram assassinados. Dizem que até pelo FBI.
Muitos jovens acreditavam que as drogas podiam ser libertadoras. Mas não foi nada disso que aconteceu. As drogas serviram para levar as pessoas a ignorar o mundo numa atitude egoísta de só olhar para si mesmo e para o seu próprio prazer. Além disso, as drogas mataram (e matam) inúmeras pessoas.
Na URSS, Kruschev foi afastado do poder pelos burocratas neo-stalinistas. As reformas democráticas foram interrompidas.
Na China, a Revolução Cultural foi gradualmente controlada pelos burocratas do partido. Os comunistas chineses mostravam o velho pavor stalinista da autonomia das massas. Temiam perder o controle dos jovens e dos operários.
No Brasil, as passeatas estudantis foram totalmente proibidas a partir do final de 1968, quando o regime militar se tornou politicamente mais repressor ainda.
A onda renovadora foi até o começo dos anos 70. Depois, o sistema conseguiu absorver a rebeldia. As moças libertárias jogaram fora os discos de Rolling Stones, casaram-se e tornaram-se pacatas donas de casa, preocupadas com a novela de tevê e a compra da semana. Os moços botaram de lado os livros de Trotski, atiraram na lata de lixo o pôster de CheGuevara e cortaram as barbas e os cabelos.
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